Foi
Braga o local escolhido para iniciar a minha experiência nas provas de trilhos.
A convite de um primo, que já estava habituado a esta coisa de trail, aceitei e
fomos correr no 3º Trail Bracara Augusta, que era a 1ª etapa de 3 provas.
Já
vinha acompanhar pela Internet fora várias provas deste tipo que se iam
realizando. Sendo as paisagens e os trilhos, o que me chamou mais interesse e
ganhou logo a minha curiosidade.
Como
estava no inicio da minha actividade na corrida, e fazia pouco mais que 10 KM,
obviamente optei por ir ao percurso mais curto com 17 KM. Ainda fiz um treino com
mais ou menos a mesma distância, perto da minha localidade para ter uma ideia de
qual o impacto físico que teria. Tendo o treino corrido bastante bem, fiquei confiante
e com mais vontade para o fazer.
Na
manhã da prova levantamos cedo para ir com tempo e evitar atrasos ou correrias
de última hora. Já em Braga, com um sol bastante quente naquele Domingo de
Julho, juntamo-nos aos restantes participantes e vimos os atletas do trail
longo (25KM salvo erro) a arrancar. Devido ao calor houve preocupação por parte
da organização em alterar o percurso e encurtar um pouco de forma a evitar a
exposição às temperaturas que se previam, totalizando assim para os 15 KM.
Passado
algum tempo do arranque do trail longo, chegou a nossa hora de arrancar, e
coloco-me na partida. Junto-me a 2 primos meus e aqui vamos nós. Algumas
pessoas a apoiar para dar aquele apoio extra inicial, e vamos a isto.
Um
arranque feito a subir, e aqui já não tive o problema da prova anterior. Após alguns
metros mais à frente temos a entrada no mato e que continuava a subir. Poderiam
ter dado um pouco mais de tempo em estrada para o pessoal dispersar um pouco. Sendo
uma subida estreita obrigou a paragem e a caminhar em fila. Seguimos em plano e
temos subidas pequenas e fáceis de percorrer.
Devido
ao meu entusiasmo, ia todo lançado sem conhecimento de causa daquilo que estava
a fazer. E aqui entra a experiência daqueles que já estão habituados a isto. O
meu primo avisou para ir com calma que íamos ter muitas subidas, e são para ser
feitas com calma. Juntei-me novamente a eles e fomos até ao fim. E temos a
nossa primeira mensagem de inspiração por parte da organização que ia colocando
ao longo do percurso - “Boa! Já te levantaste cedo hoje para fazer alguma
coisa!”
Continuam
as subidas e alguns planos para conseguir correr chegamos ao primeiro trilho.
Temos um trilho estreito em que do nosso lado apenas temos uma linda queda para
cima de troncos, silvas, tojo, como quiserem, era uma mistura de tudo isso.
Daqui
para a frente, foi mais do mesmo, sem grandes paisagens, pois estávamos dentro
do mato, e foi continuo até chegar ao Santuário do Bom Jesus. Para quem não
conhece este santuário tem uma escadaria enorme, que faz as pernas ficar
cansadas só de ver. Ao contrário das edições anteriores, não foi o sitio pelo
qual subimos. A chegada ao Santuário, foi pela lateral do mesmo, saindo do mato
que até aí vínhamos a subir.
Escadaria Bom Jesus que evitamos! |
Cruzamos
com alguns turistas, que nos deram apoio, e voluntários que ajudaram na
orientação do caminho a seguir. Subimos e percorremos o parque do Bom Jesus que
já se começava a preencher por pessoas que decidiram também levantar cedo e
passear um pouco. Mais à frente, atravessamos a estrada onde existia
policiamento para nos ajudar com o trânsito que por ali passava, e seguimos em
direcção a mais uns trilhos junto a restaurantes que já preparavam o almoço.
Subida para o jardim do Bom Jesus |
E
assim continuamos até ao Santuário do Sameiro. Neste as escadas já foram a
passagem obrigatória para a subida. Feita com calma lá fomos nós. Mais
turistas, muitas fotos, e paragem também para tirarmos a nossa fotografia.
Houve um atleta que nos ajudou e tirou a foto, para não ser mais uma selfie.
Tirada a foto, encontramos uma fonte que ali estava, e aproveitei para molhar a
cabeça e refrescar um pouco.
Lá
continuamos, já íamos vendo algumas pessoas a estender as toalhas para fazer o
seu piquenique, e sempre a dar o seu apoio com um sorriso na cara.
Vista do alto do Sameiro |
Finalmente
ao KM 8 temos o único posto de abastecimento de sólidos em que me consolei.
Sendo eu um estreante nestas andanças, não quis estar a fazer muitas misturas,
e segui-me apenas por aquilo que estava habituado a comer, e que facilmente o
meu organismo iria digerir sem haver manifestações inesperadas.
Estava
a gostar da companhia e tal, mas temos que andar que foi para isto que aqui
viemos.
Pusemo-nos
a caminho para um trilho bastante interessante e dos que mais me recordo.
Percorrendo um estradão em terra batida, chegamos a uma zona com árvores e
vegetação, e num zigue zague constante começamos a descer. Havia algumas partes
mais técnicas, mas bastante fácil de ser feito a correr.
Tirando
algumas subidas, o percurso até é bastante acessível para correr com alguma
facilidade.
Atravessamos
mais uma estrada e temos de imediato outro estradão em terra, que logo no
inicio nos presenteava com um pequeno riacho, para molhar as sapatilhas um
pouco. Mais uma parte que deu para correr normalmente. E chegamos a mais uma
igreja, desta vez a Igreja de Santa Maria Madalena, também conhecida como
Igreja da Falperra (aprende-se de tudo neste blog).
Nesta
fase temos uma subida um pouco extensa na qual vamos a passo, e temos um bom
momento de humor. Já tendo alguns (poucos) quilómetros nas pernas com subidas e
descidas à mistura nesta fase íamos a passo, como ditam as regras do Trail, não
é?
Nisto
surge um casal (ou suponho que o fossem) também a correr, mas em sentido
contrário ao nosso, provavelmente a fazer algum treino. O homem em brincadeira,
mas com uma cara bastante séria, desata aos berros connosco. “Mas que vem a ser
isto?” “Vocês vêm aqui para correr ou para caminhar?”
Entre
outras coisas que a minha memória já não me diz nada, foi engraçada a maneira que
nos abordou e fez-nos sorrir, naquela que estava a ser mais uma subida a passo,
a enfrentar o senhor Sol que tanto nos “chateou” durante todo o percurso.
Após
o cruzamento com este casal, iniciamos a descer e aqui sim já começamos a
correr, ou algo parecido.
Tendo
uma pequena noção dos quilómetros que íamos, e olhando para a altimetria que
estava impressa no dorsal, pensamos que uma última subida que estava lá que
mais parecia uma parede, tivesse sido esta última que a fizemos. Ora depois da
descida e um pouco de plano mais técnico, eis que nos surge a fantástica
parede. Devem imaginar os palavrões que me surgiram neste momento na cabeça.
Mas que raio está a fazer uma parede destas à minha frente a poucos quilómetros
do final? Uma subida, de piso incerto, cheia de pedras soltas. Ora se na
anterior que era bem menos agreste que esta fiz a caminhar, neste certamente
não iria a correr. Fiz a subida com passo mais lento, mas com cuidado. Vi pelo
meio alguns atletas que pararam, outros que aproveitaram a paragem e
colocaram-se à sombra. Pensei várias vezes em fazer companhia, mas não queria
parar, pois sabia que iria custar o dobro quando recomeçasse. Com muito custo
lá consegui e cheguei ao topo, onde vi outra mensagem inspiradora “Conseguiste.
Agora manda a subida à @#!$&” !“ Ainda virei e acho que a mandei, mas sofri
por aqueles que ainda não a tinham iniciado.
Esta
subida deu conta das minhas pernas. Parece que me arrancaram os gémeos e coxas
e trocaram por tijolos. Isto não ia funcionar muito bem daqui para a frente, e
não funcionou!
Pouco
mais à frente tivemos uma outra subida, desta vez mais curta, mas com alguma
inclinação. E foi aqui que o 1º atleta do trail longo nos ultrapassa, e segue a
correr. E eu a queixar-me das pernas!
Daqui
para a frente era mais nas descidas que tentava dar algum ritmo, pois os planos
também já começavam a custar. Tentei aguentar o máximo que consegui, mas já não
adiantava de muito.
Voltamos
a passar no mato inicial e chegamos à meta. Tirando esta parte final correu
tudo bem, e gostei da experiência. Foi aqui que se deu um clique que tenho que
experimentar mais deste tipo de provas. Restou esperar para esquecer estes
últimos quilómetros, e tentar uma outra prova de trail futuramente.
Deu
ainda para ver um pouco do espirito do trail, que achei bastante engraçado,
havendo grande parte das vezes uma entreajuda de vários atletas.
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