Não há duas sem três, ou pelo menos é assim que se costuma
dizer. E o Runcambra é exemplo disso.
Existe alguns motivos para esta insistência numa prova que tem
progredido, contudo acho um pouco ainda verde, e uma alteração do percurso, que
por sinal já se torna um pouco “enjoativo”, era bem-vinda. O grande motivo é
por ser uma prova do local onde vivo, e que gosto de estar presente se não for
mais para o convívio com muita gente conhecida. Os restantes são os óbvios,
para além de ter sido no evento em que me estriei a correr oficialmente, existe
a habitual teimosia, em tentar bater o meu record da prova a cada edição que
passa, e para não estar aqui a enumerar outros que não têm grande interesse, a
grande tenda no final com iguarias da terra que são a cereja no topo do bolo ao
final de 10 quilómetros bem esquentados.
Grande momento da FunWalking (Foto da Organização) |
Acredito que a palestra possa ter sido interessante, mas a
minha atenção esteve apenas para ver a pequenada onde o meu afilhado
participara na segunda edição deste evento. Deu para notar um ligeiro
melhoramento, e maior presença de pessoal neste evento. Nem tudo vai mal.
A prova deste ano seria em muito semelhante aos anos
anteriores, e podemos começar pelo calor. Não sei por que razão, mas neste dia
a temperatura sobe em flecha, e dificulta bastante qualquer que seja o
objectivo de cada um para aquele dia.
Uma das soluções para este problema era de solução rápida e
eficaz, antecipando a prova em 1 hora, dando o sinal de partida às 9h e não às
10h, que é quando o sol já se encontra numa posição agradável para queimar o
terreno. A vantagem da hora tardia, é poder estar um pouco mais na cama, sendo
um privilegiado em ter que apenas atravessar o parque da cidade para estar no
local pronto a arrancar. Foi assim nas minhas duas primeiras participações, e à
semelhança do ano passado, logo após um bom aquecimento consigo colocar-me bem
na frente, mesmo atrás da elite que desta vez devido aos prémios serem bem mais
tentadores fez-se estar presente em mais força que o normal.
Seria uma prova para competir comigo mesmo e ver se
conseguia retirar novamente alguns minutos ao meu tempo do ano passado. O forte
calor estava a dar-me que pensar, e teria que saber gerir a fase inicial para
evitar problemas como do ano passado. Felizmente estava consciente disso mesmo,
e tentei ajuizar as coisas mesmo antes de arrancar.
Então sem atrasos, às 10 horas estava dado o sinal sonoro
para a partida, num arranque forte é certo, mas controlado. Após várias
confirmações da estimativa do tempo final com o meu relógio, vejo que o ritmo
era muito elevado, e gradualmente abrando. Estava com juízo e foi a melhor
estratégia que fiz para o que aí vinha.
O primeiro quilómetro pode condenar toda a prova, se
tivermos um arranque bastante forte, iremos pagar as favas quando chegarmos às
subidas e descidas que tanto marcam presença ao longo de todo o percurso.
Créditos: Organização |
O controlo desta fase era o mais fulcral e consegui sem
grandes problemas, daqui para a frente seria comigo mesmo e seria para atacar
os tempos gradualmente. Nova subida até ao centro da cidade, e o ritmo foi
unanime mal piso terreno plano, mais uma ligeira inclinação e uma vez mais sem
grandes alterações consigo ser fiel ao que vinha a fazer.
Já habituado e com algum conhecimento, consigo aperceber-me
de alguns atletas que ali vão com um ritmo semelhante ao meu, e que consigo
“colar” e aproveitar para “descansar” um pouco, sem grandes sombras, à excepção
do cruzamento no centro da cidade, qualquer sombra que se houvesse era
aproveitada para tentar minimizar o forte calor que estava. Prova disso era o
facto de a garganta estar um pouco seca.
O abastecimento chegou perto do final da longa recta, onde
muitos desmoralizam e são derrotados pelas curtas, mas inclinadas subidas que
vamos fazendo. A água ajudou a refrescar o corpo, e a hidratar o pouco que
fosse, para conseguir o meu grande objectivo.
Finalmente temos a longa descida que nos leva para o
trajecto onde normalmente é a minha derrota e tento encarar isso da melhor
forma possível, sem nunca desanimar. O facto de me ter colado alguém que ia na
mesma “onda” que eu, foi um grande aliado, e após uma zona de plano, tento
atacar a longa subida que, psicologicamente, acaba sempre por me derrotar. Acabo
sempre por ir a baixo aqui, mas logo após um novo abastecimento adicionado este
ano devido às altas temperaturas, consigo fazer sem problemas. Desta vez não sairia
dali derrotado, não este ano, não hoje. Certo que foi o quilómetro mais lento
que fiz, e a respiração ficou um pouco descontrolada. Já em direcção ao centro
da cidade revejo na minha cabeça o que faltava e estava a chegar a hora de
começar a atacar.
Créditos: Organização |
Era a melhor altura para atacar, seria cerca de 500 metros a
descer, e 500 metros em plano até entrar no parque pela última vez em direcção
à meta num último longo quilómetro que consegue tramar a mente. Fim da descida,
e já via resultados na previsão final com menos 1 minuto, mas mesmo assim
queria mais, e teria que ser neste último quilómetro.
O que aqui podia tramar a mente, é o facto de conhecer o
local e saber que a meta se encontra no lado oposto da minha posição aquando a
entrada no parque da cidade. Para além disto, é uma zona completamente a céu
aberta com o forte sol a continuar a queimar a cada passo para o final. As
ligeiras curvas vão escondendo os pórticos da chegada, e a ligeira inclinação
final. É aqui que 2 atletas conseguem alcançar-me e passar-me, sabia que
conseguia um sprint final, mas optei por manter aquele ritmo certo e chegar com
um sorriso à meta do que um ar de desgaste. Finalmente iria confirmar o meu
resultado final, e com agrado consegui tirar ca. 3 minutos ao ano anterior que
tinha sido uma valente pedra no sapato. Agora seria altura para celebrar com as
iguarias da terra e uma bela cerveja preta.
Houve melhorias e algum esforço para proporcionar um bom
momento a quem ali estava, mas acho que ainda há alguma coisa em falta, só não
consigo perceber o quê. Talvez mais gente a participar, talvez uma alteração do
percurso, e assim ajude a vir mais atletas. Parece que não, mas de todas as
provas de 10 KM que percorri, esta consegue ser das mais difíceis, se não a
mais difícil, podendo ser por aí a pouca adesão.
Deu para notar também mais gente nas ruas para apoiar, o que
é bastante positivo, e notou-se mais com a passagem pelo centro da cidade. A
entrega de prémios, foi uma festa autêntica, que coincidiu com o término da caminhada.
Esta, que pelos vistos teve melhorias significativas sendo um autêntico festival.
Modificaram o conceito da caminhada que tem sido habitual até há bem pouco
tempo, e pelo feedback, foi um autêntico arraial cheio de actividades ao longo
de todo o percurso. De salientar também a inclusão de animação em alguns pontos
do percurso da corrida, que em conjunto com maior presença de apoiantes na rua,
dá outro ponto extra à prova.
0 comentários:
Enviar um comentário