Já o havia conseguido em Ovar, mas queria repetir o feito.
Fazer 10 KM abaixo dos 40 minutos.
Na minha ideia, tinha estofo para o fazer novamente, e iria
tentar custe o que custasse.
A Corrida do Dia do Pai, era o ideal para o fazer, percurso
na sua maioria plano, muita gente a correr e a apoiar, junto ao mar, o que
contribui para uma aragem mais fresca. Enfim, tudo para ajudar.
A manhã de Domingo era fresca, previa-se chuva, o que até me
agradava. Ambiente fresco ajudava a não aquecer em demasia. Em contrapartida,
afastava muita gente das ruas, faltando aquele ambiente típico de festa em
algumas zonas, que tão bem me recordo das 2 vezes que participei. Não correm
por nós, é certo, mas dão cá um ânimo e força, lá isso dão.
A minha chegada coincidiu com alguns chuviscos, aquela
morrinha, aliada a uma brisa fresca.
Arrepiei-me mal saí do carro, e num passo acelerado para
evitar arrefecer em demasia, fui em direcção à rotunda da anémona, ao encontro
de mais malta para um aquecimento. Era lá o ponto de encontro, e o percurso
para um breve aquecimento, queria estar minimamente quente aquando o tiro de
partida.
Era a minha estreia, minha e do Fábio, na sub-elite.
Conseguimos estar mesmo na frente do pelotão para evitar aquela habitual
confusão do tiro de partida.
O início já o conhecia, era a subir, mínimo de inclinação,
mas a subir, e como estávamos frescos, nem dávamos por isso. Assim foi, no meio
de tanta confusão, e da euforia de muitos em querer dar o sprint logo ao arrancar,
a minha preocupação era não cair e ser atropelado.
Tentava afastar o mais possível, encostado à direita, a
afluência era menor, e dava para ir avançando ao meu ritmo, impedindo a mim
próprio de ir mais rápido do que o que devia.
Fim do primeiro quilómetro, já com retorno feito, e início
da descida, e confirmo o tempo pelo relógio, 3:52 min/km, era rápido demais,
aquele devia ser mais ou menos o ritmo para a restante prova, e não o de início.
Objectivo era fazer o primeiro mais lento, e só depois aumentar e manter.
Estava feito, agora seria tentar manter. A partir dali era
descer e plano, em direcção à rotunda da anémona, sem antes ainda ter direito a
mais um retorno. Fui sempre consistente, e a partir dali a passada era regular,
estava a sentir-me bem, e com vontade de bater o meu recorde.
Conhecia o percurso bem, algumas alterações que fizeram ao
percurso, aproximou mais do trajecto inicial da Maratona do Porto, e sabia com
o que podia contar.
A anémona era o ponto de maior enchente e grande festa,
desta vez, teria que contentar com aqueles corajosos que decidiram contrariar a
vontade da chuva.
Rumo ao porto de Leixões, mantinha-se o plano, não havia
desníveis que se sentisse, o único inconveniente era a passagem por alguns
paralelos, mas nada que massacrasse.
Continuava bem, e ainda não tinha sinais aparentes de
quebra, ia distraindo com o pessoal que já vinha do retorno, e ver se via
alguém conhecido, formas para ocupar o tempo.
Novo retorno, e deixo o Porto de Leixões para trás, agora a
distracção era ver quem vinha atrás, tentava ver alguém, mas a confusão era
muita, acabei por desistir, foquei-me em encontrar alguém para me encostar, mas
parecia que todos estavam a aumentar o ritmo. Estava prestes a entrar no
quilómetro 7, e as coisas pareciam complicar-se.
As pernas estavam um pouco presas, e a respiração
descontrolada, algo não estava a correr bem. Cerrava os dentes, e tentava
manter o ritmo, mas ao consultar o relógio, estava a abrandar.
Isto é apenas um pequeno descontrole da respiração e já
recomponho, pensava eu. Abrandei um pouco, e tentava manter os 4 min/Km, estava
a custar, e as oscilações de ritmo eram grandes, tanto conseguia aumentar a
cadência, como de repente descia. Aguardava por entrar no quilómetro 9, onde já
existia novamente apoio, e pudesse recuperar alguma energia, fosse lá de onde
ela viesse.
Pequeno corte à direita, e entramos na marginal, aos poucos
as pessoas vão surgindo, mas nem daí estava a conseguir recuperar.
O vento fez questão de fazer companhia. Uma forte ventania, colocava-se
entre mim e o resto do percurso. Tentava colocar atrás de alguém, mas não
estava a dar, estava ofegante, e pernas presas.
Detesto correr nestas circunstâncias, começo a olhar para o
relógio, e vejo que o objectivo já era impossível, mas tinha que terminar
abaixo dos 40 minutos.
Respiro fundo, e tento aumentar a passada, tinha que ser.
Entro finalmente em asfalto, após cruzar uns metros por
paralelos, e tento acelerar para o último retorno. O vento continuava forte, e
impedia de progredir conforme queria, nem os prédios conseguiam acalmar aquela
frente ventosa.
Chego ao retorno, e ao mesmo tempo, impulsiono o último
esforço. O vento deixou de existir e estava novamente a sentir bem para poder
soltar as pernas.
Última passagem pela rotunda da anémona, e subida até ao queimódromo
onde ficava a meta.
Estava a esgotar as energias, só queria atravessar o
pórtico. E fi-lo, ainda abaixo dos 40 minutos, como pretendia.
Já não recordava de uma prova tão desgastante como aquela,
consegui controlar as coisas até meio da prova, mas os últimos 4/5 quilómetros,
foram terríveis.
A organização esteve impecável, mesmo com umas pequenas
ligeiras alterações do percurso, mas há coisas que não conseguem controlar, e todo
aquele vento, aliado à minha quebra, só me fez massacrar mais.
Independentemente disso, continuo a conseguir manter a marca abaixo dos 40
minutos, que era o pretendido.
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