Já se
tornou como uma tradição, já é obrigatoriedade minha percorrer as ruas de Vale
de Cambra - “O Vale Mágico”. Foi a minha estreia oficial neste mundo das
corridas, e como é da terra, gosto de estar presente, tanto pelo evento, como
pelo convívio, e obviamente a grande oferta de iguarias no final da prova, esta
sim a grande medalha.
A
história tem sido sempre a mesma, e este ano especulava que iria ser em tudo
semelhante, mas felizmente houve algumas alterações, que penso terem sido
benéficas para o Runcambra.
A
partida/meta, que desde a primeira edição se concentrava no parque da cidade,
mudou a sua raiz para o centro da cidade, originando alterações ao percurso.
Seria basicamente o mesmo, com algumas pequenas modificações.
O
que ainda falta alterar, é a hora do arranque. 10 horas da manhã é uma hora
tardia.
Desde
pelo menos há 4 anos, que este dia tem sido bastante quente, o céu limpo, e um
sol abrasador têm sido presença assídua, numa prova que nesta distância, e de
todas as que fiz, posso afirmar que é bastante complicada devido ao sobe e
desce constante.
Não
foi diferente, debaixo do sol, estava pronto a arrancar, num panorama diferente
das edições anteriores.
Estava
curioso para ver como reagia neste percurso, e uma semana após a maratona de Aveiro.
Eram
10h, e numa embrulhada de atletas, uns mais rápidos, e outros mais rápidos que
o normal por ser a descer, deixei-me ir no meu conforto. Foi 1 quilómetro entre
descida e plano até começar a subir.
Não
demorei muito tempo a ficar à minha vontade, sem grandes atropelos ou
confusões, e na subida ainda fresco, deu para libertar ainda mais algum espaço,
ultrapassando a maioria que já havia começado a subir.
Segue-se
nova descida, e começa a construir um pequeno grupo de 3 elementos. Saímos da
freguesia de Vila Chã, e teria que contornar o parque, inicialmente a descer,
mas com uma inclinação tão mínima que nem se nota. Do lado oposto dava-se
inicio à subida mais extensa de todo o percurso. Ainda que iniciada com uma
inclinação mínima, e misturada com alguns segmentos curtos em plano, só
terminamos de subir após cerca de 3 quilómetros.
Após
iniciar a subida, acabava por ficar sozinho, e deparei-me com a situação de não
conseguir encaixar em nenhum grupo, por irem em diferentes ritmos. A minha
aposta, foi simples, tentaria alcançar todos os grupos que conseguisse.
A
subida até ao centro não é das mais duras, mas das mais satisfatórias. Passamos
novamente pelo centro da cidade, e onde está o forte apoio, um verdadeiro
corredor humano.
Ali
o terreno é bem mais plano, mas não dá grande tempo para acelerar, passo pela
minha mãe e irmã, e recordo de dizer que está calor.
A
subida voltava a surgir, e só ao quilómetro 6 chegava ao ponto mais alto.
Não
abrandei para recuperar fôlego, tinha uma descida onde queria abusar para
recuperar algum tempo. Não conseguia ouvir outra coisa que não os meus pés a
bater forte no asfalto.
Repentinamente
o terreno fica plano, e junto a um grupo que segue exactamente ao ritmo que
queria, pelo menos até depois uns metros onde se mete uma ligeira subida.
Era
nisto que me sentia mais confortável, mas que acabava sempre por me deixar
sozinho.
Respirava
fundo, enquanto esperava pela maldita subida que me custa tanto.
Já a
fiz inúmeras vezes, e não há uma única vez que não sai de lá derrotado. São 44
metros de subida, num quilómetro, já fiz bem pior que isto é certo, mas é uma
longa recta, onde podemos ver o cume, o que psicologicamente se torna massacrante,
e exposta ao sol.
Focava
o olhar no chão, nuns 2 metros à minha frente, de forma a não espreitar o alto,
mas era inevitável não saber onde estava, conheço aquela subida como a palma da
minha mãe.
Contudo
tudo era mais fácil, quando revia o restante percurso, desta vez, como nos
restantes anos, não tinha ainda mais cerca de 4 quilómetros pela frente, mas
sim só mais 1.
Os
prédios faziam sombra, e havia uma ligeira brisa que ajudava a refrescar, ainda
que a subir novamente até ao centro, não arredava pé. Estava quase, aquele
quilómetro final tinha que derreter o resto das energias.
A
subida mantinha-se, mas menos agressiva, já se via o centro, e ouvia-se a
música da meta, mas antes ainda tinha uns pequenos desvios para juntar mais
alguns metros.
Primeiro
desvio feito, e descia em direcção à meta, só tinha mais um retorno para chegar
ao final.
O
corredor humano estava ali novamente, acelerava ao ritmo daqueles aplausos,
abrandava apenas no retorno, e voltava a acelerar, olhava para o relógio, e ia
fazer o Runcambra abaixo dos 40 minutos. Estava orgulhoso de mim mesmo.
Foi
sem dúvida um êxito este ano, pelo menos a nível pessoal. Mas a alteração
também foi bem-vinda.
O
que não devem alterar, é esta medalha final que apelidam de “Sensation Zone”,
cheia de iguarias da terra que tornam esta prova única.
0 comentários:
Enviar um comentário