Adianto já que um dos objectivos para este ano
era fazer a minha 1ª maratona. Em Novembro encontro-me oficialmente atrás da
linha de partida com o objectivo de concluir a distância de 42 KM.
Parece
mentira, mas dia 1 de Abril antecipei esse momento. Surgiu a oportunidade de
fazer a Maratona da Lousada. Uma prova diferente do habitual, com um percurso
em circuito fechado, com cerca de 2300 metros. O problema desta prova para além
da verdadeira dor de pernas que iria dar, seria um verdadeiro teste à parte
psicológica. Correr num circuito fechado a ver sempre a mesma coisa e fazer
sempre o mesmo trajecto parece fácil, mas ao fim de 1 dezena de voltas alguém
me diga se o raio da prova não se torna frustrante mentalmente.
Para
juntar à festa, o piso para além da grande maioria ser em asfalto como seria de
esperar, também tinha tartan e terra batida.
A
terra batida deixem-me que vos diga, que se torna um verdadeiro pesadelo, mas
já vamos lá.
A
minha preparação para esta prova, foi pouca, ou mesmo quase zero.
Sujeitei-me
a correr o máximo de quilómetros que conseguisse. Se tivesse que desistir aos
30 e tal quilómetros desistia, não era importante para mim a terminar. – Até
que tenho umas boas ideias e projecção daquilo que posso fazer na prova, mas na
hora sai tudo ao contrário.
A
minha ideia para esta prova, seria ver como o meu corpo reagia num dia de prova
naquela distância, e acabar por ter uma noção para a Maratona do Porto.
Uma
vez mais, a culpa da inscrição foi do meu primo.
A
prova acaba por ser do género do 24 Horas Portugal. A organização até era a
mesma e tudo.
Num
evento que a principal distância era os 100 KM a solo ou em equipa, existia
também a Maratona, que também podia ser feita a solo ou equipa. No entanto para
se tornar mais desafiante, ambos fizemos os 42 KM a solo, como não podia
deixar de ser.
Sábado
de manhã fizemo-nos à estrada para ainda levantar o dorsal com partida prevista
para as 9 horas da manhã.
Chegando
ao complexo desportivo da Lousada, local da prova, fomos levantar o dorsal, que acabou por demorar um pouco. Devido à grande quantidade de atletas que ainda não
tinham levantado o dorsal, acabaram por atrasar um pouco o arranque da prova.
Eram 18! 18 voltas que teriam que ser dadas ao circuito para fazer a distância, mais
1 à pista do complexo para dar a distância correcta. Após uma volta à pista (piso
tartan), saímos do campo de futebol, e seguimos numa subida em terra batida que
contornava parte do campo até chegarmos à estrada. Na estrada tínhamos uma
descida, e por fim uma das partes mais massacrantes. Com uma ligeira inclinação
seguíamos estrada fora até ponto com retorno e voltávamos até entrar novamente
no campo. Para além disto junto à pista, tínhamos o único ponto de
abastecimento de líquidos e sólidos, bastante completo de inicio a fim da
prova.
Com
o calor que esteve optei por parar de 5 em 5 quilómetros de forma a manter-me
hidratado. Repor energias e sais, essenciais para a longa
distância.
Ainda
iniciei com a contagem das voltas, mas acabei por parar de as contar por não se
tornar tão maçador. Ao final de umas 10 voltas o retorno já estava mais que
enraizado, mas começava a sentir nas pernas a saída do campo para a terra
batida. Toda a parte em terra batida feita a subir com piso irregular, ao fim
de muitos quilómetros começa a custar.
Após
a distância de meia maratona, aproximava-se a minha maior marca de 26,5 KM, no
entanto feita em trail. A partir daqui seria novos recordes. E recordo-me de
ver a marca de 27 KM no relógio e pensar que dali para a frente seria sempre
novas conquistas.
Felizmente
e para surpresa minha, estive bastante bem até perto do quilómetro 30. Sentia
já desgaste nas pernas, mas ainda tinha pernas para andar. Já perto dos 32
quilómetros olho para o relógio e vejo que apenas 10 KM me separam de concluir
a maratona.
- 10 KM? Isso já eu fiz várias vezes.
- Não vou desistir, faltando tão pouco!
- Então e os quilómetros que já fizeste até aqui, meu burro?
Mais
tarde ou mais cedo teria que acontecer. Ali estava ela. Fantástica e com uma
pintura que ainda se sentia o cheiro a tinta. A famosa parede. Já tinha ouvido falar dela, mas nunca a encontrei verdadeiramente.
O
desgaste começava a apoderar-se das pernas, e forçou-me a caminhar. Seguia a passo
em pontos que já sabia que ia esforçar. A terra batida foi um deles obviamente,
e a ligeira inclinação que havia até ao ponto de retorno. Aos poucos iria
tornando a correr, até chegar ao ponto de abastecimento e tentar repor de
alguma forma o que conseguia.
O
engraçado é que a partir daqui, de 2 em 2 quilómetros tinha a parede à minha
frente. De alguma forma consegui sempre a contornar e não desisti.
Concluí
a minha primeira maratona. Sorriso na cara, dores nas pernas, vamos lá correr e
atravessar a meta.
O
tempo foi o que estava à espera para a minha estreia. 4 horas depois estava
concluído.
Por
incrível que pareça, com este tempo acabei por fazer pódio em 3º lugar no meu
escalão.
Grande
parte dos atletas optaram pelos 100 Km em solo ou equipa, daí eu ter conseguido
um lugar no pódio com este tempo.
Não
por experiência própria, mas por conhecimento de outros atletas, tinha uma noção
que era dura a longa distância. Num circuito como este, penso ter tornado o
desafio ainda maior, e cumpri.
Uma
excelente manhã, e boa disposição por parte da organização.
Se
tudo correr bem, penso para o ano voltar para novo desafio, quem sabe tentar
melhorar o tempo.
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