terça-feira, 30 de maio de 2017

100K Portugal - Maratona

Nunca previ chegar a este ponto, muito menos pensar que poderia fazer a distância de uma maratona.
Adianto já que um dos objectivos para este ano era fazer a minha 1ª maratona. Em Novembro encontro-me oficialmente atrás da linha de partida com o objectivo de concluir a distância de 42 KM.
Parece mentira, mas dia 1 de Abril antecipei esse momento. Surgiu a oportunidade de fazer a Maratona da Lousada. Uma prova diferente do habitual, com um percurso em circuito fechado, com cerca de 2300 metros. O problema desta prova para além da verdadeira dor de pernas que iria dar, seria um verdadeiro teste à parte psicológica. Correr num circuito fechado a ver sempre a mesma coisa e fazer sempre o mesmo trajecto parece fácil, mas ao fim de 1 dezena de voltas alguém me diga se o raio da prova não se torna frustrante mentalmente.
Para juntar à festa, o piso para além da grande maioria ser em asfalto como seria de esperar, também tinha tartan e terra batida.
A terra batida deixem-me que vos diga, que se torna um verdadeiro pesadelo, mas já vamos lá.

A minha preparação para esta prova, foi pouca, ou mesmo quase zero.
Sujeitei-me a correr o máximo de quilómetros que conseguisse. Se tivesse que desistir aos 30 e tal quilómetros desistia, não era importante para mim a terminar. – Até que tenho umas boas ideias e projecção daquilo que posso fazer na prova, mas na hora sai tudo ao contrário.
A minha ideia para esta prova, seria ver como o meu corpo reagia num dia de prova naquela distância, e acabar por ter uma noção para a Maratona do Porto.

Uma vez mais, a culpa da inscrição foi do meu primo.
A prova acaba por ser do género do 24 Horas Portugal. A organização até era a mesma e tudo.
Num evento que a principal distância era os 100 KM a solo ou em equipa, existia também a Maratona, que também podia ser feita a solo ou equipa. No entanto para se tornar mais desafiante, ambos fizemos os 42 KM a solo, como não podia deixar de ser.
Sábado de manhã fizemo-nos à estrada para ainda levantar o dorsal com partida prevista para as 9 horas da manhã.
Chegando ao complexo desportivo da Lousada, local da prova, fomos levantar o dorsal, que acabou por demorar um pouco. Devido à grande quantidade de atletas que ainda não tinham levantado o dorsal, acabaram por atrasar um pouco o arranque da prova.



Eram 18! 18 voltas que teriam que ser dadas ao circuito para fazer a distância, mais 1 à pista do complexo para dar a distância correcta. Após uma volta à pista (piso tartan), saímos do campo de futebol, e seguimos numa subida em terra batida que contornava parte do campo até chegarmos à estrada. Na estrada tínhamos uma descida, e por fim uma das partes mais massacrantes. Com uma ligeira inclinação seguíamos estrada fora até ponto com retorno e voltávamos até entrar novamente no campo. Para além disto junto à pista, tínhamos o único ponto de abastecimento de líquidos e sólidos, bastante completo de inicio a fim da prova.

Com o calor que esteve optei por parar de 5 em 5 quilómetros de forma a manter-me hidratado. Repor energias e sais, essenciais para a longa distância.
Ainda iniciei com a contagem das voltas, mas acabei por parar de as contar por não se tornar tão maçador. Ao final de umas 10 voltas o retorno já estava mais que enraizado, mas começava a sentir nas pernas a saída do campo para a terra batida. Toda a parte em terra batida feita a subir com piso irregular, ao fim de muitos quilómetros começa a custar.
Após a distância de meia maratona, aproximava-se a minha maior marca de 26,5 KM, no entanto feita em trail. A partir daqui seria novos recordes. E recordo-me de ver a marca de 27 KM no relógio e pensar que dali para a frente seria sempre novas conquistas.


Felizmente e para surpresa minha, estive bastante bem até perto do quilómetro 30. Sentia já desgaste nas pernas, mas ainda tinha pernas para andar. Já perto dos 32 quilómetros olho para o relógio e vejo que apenas 10 KM me separam de concluir a maratona.

- 10 KM? Isso já eu fiz várias vezes.
- Não vou desistir, faltando tão pouco!
- Então e os quilómetros que já fizeste até aqui, meu burro?

Mais tarde ou mais cedo teria que acontecer. Ali estava ela. Fantástica e com uma pintura que ainda se sentia o cheiro a tinta. A famosa parede. Já tinha ouvido falar dela, mas nunca a encontrei verdadeiramente.
O desgaste começava a apoderar-se das pernas, e forçou-me a caminhar. Seguia a passo em pontos que já sabia que ia esforçar. A terra batida foi um deles obviamente, e a ligeira inclinação que havia até ao ponto de retorno. Aos poucos iria tornando a correr, até chegar ao ponto de abastecimento e tentar repor de alguma forma o que conseguia.
O engraçado é que a partir daqui, de 2 em 2 quilómetros tinha a parede à minha frente. De alguma forma consegui sempre a contornar e não desisti.
Concluí a minha primeira maratona. Sorriso na cara, dores nas pernas, vamos lá correr e atravessar a meta.
O tempo foi o que estava à espera para a minha estreia. 4 horas depois estava concluído.


Por incrível que pareça, com este tempo acabei por fazer pódio em 3º lugar no meu escalão.
Grande parte dos atletas optaram pelos 100 Km em solo ou equipa, daí eu ter conseguido um lugar no pódio com este tempo.

Não por experiência própria, mas por conhecimento de outros atletas, tinha uma noção que era dura a longa distância. Num circuito como este, penso ter tornado o desafio ainda maior, e cumpri.
Uma excelente manhã, e boa disposição por parte da organização.


Se tudo correr bem, penso para o ano voltar para novo desafio, quem sabe tentar melhorar o tempo.

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