quarta-feira, 18 de abril de 2018

Corrida do Dia do Pai


Esta tinha de ser. Seria esta a prova que teria que ter todas as condições físicas e mentais para conseguir bater o meu recorde pessoal dos 10 KM. Sempre foi um dos meus objectivos chegar à marca dos 40 minutos, mas dando um passo de cada vez, vou lutar para baixar dos 42, e se ainda tiver pernas, aí sim esforço para chegar à principal meta.
Depois de algumas tentativas falhadas, e de colocar de parte o objectivo por estar a mais afastado da estrada, chega finalmente uma boa prova para fazer tempos, a corrida do dia do pai, que leva milhares às ruas do Porto. Não fomos milhares, mas fomos uma boa equipa de mais ou menos 40 elementos, ajudar a preencher aquelas avenidas.


Houve treino, existiu cuidado nessa semana, e boa gestão para a prova, tudo para poder correr pelo melhor. Mas como tem sempre que acontecer alguma coisa, e a prova sendo no Domingo, antes 2 dias tenho um pequeno deslize em alguma coisa que possa ter comido, que fez estragos a nível digestivo. Estive todo o dia à rasca do estômago e praticamente com refeições leves sem nunca alimentar em condições. Esperava que no sábado tudo estivesse melhor, mas quando aproveitei para correr um pouco para esticar as pernas e ver se estava tudo a funcionar, sentia as pernas presas e com alguma azia no estomago. Não seria nada de grave, ou assim esperava eu para tudo correr às mil maravilhas. Certo que não arrisquei mais nesse dia nem no seguinte antes da partida.

Arrancamos cedo, e no meio de tanta chuva que atravessamos até à cidade invicta, o S. Pedro facilitou. Abrindo as nuvens e dando oportunidade ao sol para espreitar e iluminar o local, trazendo uma boa temperatura para correr, faltando apenas ver como estava a minha barriga. Iniciando o aquecimento com outros dois colegas que já conseguiam ritmos na casa dos 40 minutos, que iam lutar para uma marca abaixo dos 42 minutos, combinamos seguir juntos de forma a existir uma entre ajuda para todos, e como amigo não empata amigo, se alguém se sentisse com mais energia seguia em frente. Esse seria o espírito que concordamos e aceitamos naturalmente. Estava entregue às mãos deles, ou neste caso às pernas, condicionado apenas pela minha barriga de não me dar problemas naqueles 10.000 metros. Logo após o aquecimento deslocamo-nos para a partida no bloco A, onde tentamos colocar o mais à frente possível, mas sem grande sucesso, foi o melhor que se conseguiu.



Dada a partida, e com cerca de 35 segundos de diferença finalmente inicia-se uma tentativa de corrida. Muita era a confusão e o para e arranca até estabilizar num ritmo certo até ao final era incerto. Sendo um percurso diferente do ano anterior, desta vez iniciávamos a subir paralelamente ao parque da cidade do Porto desde o queimódromo. As ultrapassagens eram imensas, incrível como ainda não existe o bom senso das pessoas em colocar nas secções correctas, para não atrasar quem quer progredir. Pelo menos falo por mim, se sei que não consigo um bom tempo, não me iria colocar na frente de tudo. Julgo ter visto imensas pessoas ao longo da corrida que arrancaram no mesmo bloco que o meu, que iam num passo pouco mais rápido que a caminhada.


Feita a subida, teríamos o primeiro retorno, descendo a avenida novamente. Aproveitando para esticar um pouco as pernas e dispersar-me um pouco mais da confusão que por ali andava, fui seguindo sempre junto aos meus companheiros Hélder e Nelson. Ainda na avenida, sofremos um desvio à direita onde já teria passado na Maratona do Porto, e uma vez mais para novo retorno.
Foi a partir daqui que prosseguimos eu e o Hélder. O Nelson por opção de não querer esforçar, ou pensar que poderia chegar rapidamente ao limite, conteve-se e ficou para trás.
A multidão já estava um pouco mais dispersa, e já se conseguia manter um bom ritmo sem atropelamentos. Voltamos à avenida que iniciamos a descer, até à rotunda da Anémona onde estava o grande apoio da prova, sendo encaminhados em direcção ao porto de Leixões para novo retorno. Já com cerca de 6 quilómetros encontro um bom ritmo que consigo manter nas longas rectas planas, sendo alguns paralelos o único desconforto para os pés. Após o penúltimo retorno voltamos para trás em direcção à rotunda da Anémona, desta vez junto ao mar, fazendo a avenida toda até ao último retorno junto à rotunda do castelo do queijo. Ultrapassando o marco dos 8 quilómetros, vejo que a marca dos 41 minutos dificilmente me fugia, apenas não sabia quais os segundos, contudo tentaria baixar o máximo que conseguisse, e se possível para os 40 min.
Chamo por ele, na tentativa de também ele fazer melhor tempo, e de ser eu também a ajudar nesta fase final. Mas dando sinal que não ia puxar mais que aquilo, indica-me para prosseguir.


Obrigado Hélder.

Claro que sim!
Seria comigo agora, felizmente estava a correr bem, e o estômago não se manifestou. Abri a passada, então para o último retorno e voltar até ao interior do queimódromo onde era a meta, incrível que ainda consegui com que fosse o quilómetro mais rápido.
O final estava logo ali, mas ainda havia uma subida pela frente até à meta, o corpo já a querer quebrar, mas insisti para continuar. Não iria morrer ali, tão perto do final e deitar fora tudo aquilo que fiz e ajudaram a fazer. 00:41:27 foi o meu tempo de chip, e novo recorde pessoal na distância. Obviamente não foi o tempo que mais desejava, mas já fiquei feliz pela concretização e nova marca.
Este é o novo tempo a bater, e chegar a um novo patamar. Aliás, já começo a pensar baixar dos 40, mas uma coisa de cada vez.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Trail Longo de Conímbriga Terras de Sicó


Nunca pus em causa o regresso a Conimbriga, e os trilhos de Sicó são de facto o que mais me faz voltar. Sabia o que ia enfrentar, apesar de algumas alterações que fizeram ao percurso, e em conjunto com o Hugo, que se iniciou recentemente nestas andanças, fomos treinando para este dia. Felizmente, preparação não me faltou, apenas alguma falta de reforço muscular, mas não seria nada que impedisse de o fazer. O que não previ, foi a jantarada que tive no dia anterior à prova e que em alguns abusos com comida, penso ter sido a chave para o desenrolar deste dia, mas já lá vamos.
Após a primeira experiência nesta prova, regresso para a mesma distância (25 KM), mas desta vez com mais gente. 12, eramos uma dúzia de atletas que decidimos passar um domingo a desfrutar de caminhos por entre estradões ou single tracks em terras de Condeixa com alguns vestígios romanos.
Cedo acordamos e cedo arrancamos para o levantamento dos dorsais das diferentes distâncias, sendo que nem todos iriam para os 25, alguns iriam percorrer os 15 KM que pelo feedback foram satisfatórios. 
Durante a viagem fui dando conta que algo estava errado e não era bom sinal. O jantar do dia anterior ainda dava sinais de vida, e a indisposição começa, dores de barriga, e mau estar. Tentei acalmar a situação, mas a coisa não normalizou. A má disposição e cólicas estiveram presentes comigo até à partida. Tirada foto da praxe, coloco-me já na partida bastante preenchida. A ideia seria aproveitar o bom tempo e desfrutar dos trilhos, a má disposição já não se manifestava e pensei que pudesse ser alguma situação de nervos ou ansiedade, mas estava enganado.
Com um sinal de partida um pouco estranho do speaker que mais parecia ser obrigado a falar, arrancamos estrada fora com alguma gente a dar apoio, à procura do primeiro contacto com trilhos.


Contacto esse que chegou apenas ao 3º quilómetro num acesso às famosas ruínas de Conímbriga, onde a passagem era curta para visualizar o que seja. Fora de zonas mais movimentadas fomos direccionados para o acesso a um monte que num sobe e desce relativamente rolante devido ao inicio recente e ainda estar fresco, vai dando para aquecer um pouco e ir retirando algum equipamento que tinha devido à pequena brisa matinal.
A má disposição tinha desaparecido, apenas ligeiras cólicas, e já me encontrava quente o suficiente que já sentia na cara algumas gotas a escorrer, fazendo lembrar imediatamente dos exageros do dia anterior. Prosseguindo em estradões à Sicó, até chegar a um single track que nos leva à primeira subida. Sempre em fila entre várias pedras fomos prosseguindo em ritmo certo encosta acima até um estradão um pouco largo que enganava os mais desatentos.


Era plano e com uma ligeira descida que contornava ligeiramente este pequeno monte, e nos levava para a subida à séria. Num pequeno trilho bastante empedrado e novamente em fila voltamos a subir, mas desta vez para um ponto mais alto.
Adoro esta subida, pela tecnicidade em subir por entre pedras ou por cima delas e pela vista. Vista do percurso que temos de fazer até ao cume, e no seu ponto mais alto em todo o redor. A descida é igualmente saborosa, também bastante técnica e praticamente vertical sem dar tréguas até ao final.
Chegando à base, prosseguimos por um estradão com ligeiras subidas e descidas até à aldeia Furadouro, onde se inicia a subida mais acentuada e também esta, bem vertical, cerca de 200 metros a subir em 1500 metros de distância. A céu aberto e apesar do sol já um pouco forte, o ritmo é constante, sobre pedras soltas, que com mínimo de descuido por vezes faz com que o pé escorregue soltando algumas pedras para trás.


Com 10 quilómetros chegamos à Capela da Senhora do Circulo, para mais uma descida, não tão técnica como a primeira, e ligeiramente menos vertical. Fui abusando nas decidas, mas estava a sentir-me bem. Chegando à aldeia de Casmilo onde se fazia um pequeno arraial estava o primeiro abastecimento. Nem vale a pena falar deles, pois são impecáveis, um autêntico banquete. Contudo e com receio da má disposição que vinha a dar novos sinais de resistência a alguns quilómetros, tentei não arriscar muito naquilo que ia comendo e bebendo. Teria que gerir da melhor forma e sem estragar tudo, sabia que me podia condicionar, mas era a única maneira de chegar ao fim, pois se a coisa corresse mal poderia ter que parar em qualquer lado e terminar a minha prova ali.

Trilho das Buracas
Sem grandes novidades até ali no percurso, eis que logo após o abastecimento surge a primeira novidade num trilho novo que adorei. Num caminho estreito em terra batida com curtas, mas verticais descidas e algumas pedras à mistura, fomos avançando até a um dos trilhos que mais gosto, Trilho das Buracas. Num bosque bem mais denso, onde as árvores faziam do género de um túnel, serpenteamos aquela encosta até às Buracas de Casmilo, onde se consegue ver enormes buracos nas rochosas encostas. A coisa até estava a correr bem, e o desgaste era mínimo até ali, contudo ainda faltava bastante até ao final. Até à Serra de Janeanes o calor apertou um pouco mais, e a indisposição voltou, com novo abastecimento voltei a não arriscar e pouca coisa fui ingerindo e mais tarde iria sofrer, aliás já estava consciente disso. A saída de Janeanes era em caminhos romanos, que nos levava a um longo estradão até à aldeia de Poço, onde se encontrava o último abastecimento antes do final.

Siga em direcção ao trilho da cascata
A indisposição era forte nesta altura, e estava com algumas quebras, o pior estava para vir e estava com receio. Limito-me ao básico do abastecimento, e preocupo-me apenas com encher as garrafas de água para evitar desidratar. Prossegue-se então para o trilho da cascata.
O mais bonito, mas o mais difícil. Tem algumas características semelhante ao das buracas, só que desta vez com muito sobe e desce repentino mesmo a forçar aqueles músculos das pernas que nem sabíamos que existiam. Achei curioso este segmento que no ano passado fiz praticamente sozinho, e desta vez era uma fila de atletas que me precediam e seguiam entre aquele bosque denso, apenas com um caminho entre o arvoredo. O caudal do rio mantinha-se igual à anterior edição, sem água, apenas com as grandes rochas do fundo verdes que jogam muito bem com toda aquela natureza envolvente. Se tínhamos tempo para apreciar estas paisagens, repentinamente teríamos que desligar, e ter em atenção onde colocávamos os pés. E não era para menos, subidas ingremes que apenas algumas árvores ou cordas que ali estavam ajudavam na progressão para subir, pé ante pé lá seguimos. O mesmo se passou nas descidas, que em certas alturas o saltar era mais fácil do que descer agarrado alguma coisa.


Rio seco

Trilho da Cascata
Já no final deste lindo trilho, surge a imponente escalada. Uma parede autêntica com algumas escadas à mistura onde a progressão era feita em corrida lenta e já com muito custo. Com algum incentivo de um elemento da organização que nos ia proporcionando momentos de gargalhada chegamos ao topo voltando a percorrer o estradão onde inicialmente teríamos passado seguindo novamente até às ruinas de Conímbriga.
A partir daqui foi tentar gerir para chegar minimamente em condições ao final sem caibras.
Retirei cerca de 20 minutos ao ano anterior, o que se reflete na evolução e treinos que fiz, contudo, o mau estar implicou bastante no desenrolar condicionando em alguns momentos que podia ter feito melhor para chegar ao final sem grandes quebras.
A organização esteve impecável como sempre, elementos dos abastecimentos também bastante atenciosos, pelo menos comigo. Contudo como nem tudo corre pelo melhor ouvi vários atletas a queixarem-se do contrário, inclusive a atribuição de prémios no final das provas, acabou por existir várias falhas com prémios mal entregues, também existindo culpa por parte de vários participantes que optaram por cortar caminho.
Sinceramente não entendo estes, que se vangloriam por um feito que não o fizeram, mas eles lá sabem.

A má disposição por fim terminou, e estava pronto para mais uns 25 quilómetros, mas optei antes pelo prato.