terça-feira, 9 de outubro de 2018

Trail Serra da Freita - Aos poucos vai lá


Não antevi outro cenário que não este, regressar onde tudo começou, à Serra da Freita.
A primeira incursão nesta prova foi há cerca de 1 ano atrás, e com alguns problemas que existiu no decorrer da prova, e uma descida improvisada em cima do joelho, fiz questão de dar uma nova oportunidade. Foi também oportunidade para levar alguns estreantes na prova, e outros que disseram que ali não voltariam.
Em pleno final de mês de Junho, o cenário que antevíamos era de imenso calor, e de grande preocupação com a chegada ao topo da serra, ficando mais expostos ao sol. E ao contrário do que se esperava, o dia esteve cinzento, com o sol a mostrar o ar da sua graça em poucas ocasiões. Uma chuvada, idêntica à que durante a noite me fez acordar, era uma possibilidade, o que fez com que tivesse que juntar um impermeável ao meu equipamento. Não era espectável aquele tempo, contudo, agora agradeço, dada a temperatura que esteve, que era óptima para correr.

Créditos: Organização
A proximidade das localidades, facilitou o levantamento dos dorsais ainda no dia anterior, para evitar correrias de última hora.
Dia da prova e lá nos encontramos cedo, para rumar a Arouca, com 7 elementos que iríamos aos 26 KM pela Serra da Freita.
Encurtaram a distância cerca de 2 KM em relação ao ano passado, o que a princípio pensei que fosse algum erro de calculo por parte da organização, mas estava enganado, eram efectivamente entre os 25 a 26 KM.
A concentração é feita no pavilhão, onde é feito o controlo zero para a partida no exterior das instalações. E à hora anunciada estávamos a dar os primeiros passos de corrida.

Créditos: Organização
O arranque é feito pela estrada principal, encaminhando-nos logo de seguida por umas ruelas, que nos levavam ao início da subida para o topo da serra. As pequenas passagens pelo asfalto era apenas um elo de ligação com outros trilhos. Estava a recordar-me de todo aquele percurso da edição de 2017, e tinha mais ou menos noção do que ainda faltava, sendo a parte mais complicada nos primeiros quilómetros. Eram as subidas com mais inclinação que me colocavam as pernas mais duras, a lama era uma preocupação para não escorregar, e os single tracks que existiam eram brutais de mais para não se correr, serpenteando aquela encosta. Recordava-me de um, que tinha adorado, mas que sabia que me ia dar mal, e não foi para menos. As pequenas árvores que vão crescendo novamente, devido aos incêndios, são uma fantástica ajuda para progredir, dado a terra batida que a cada passo que dávamos era uma possibilidade de o pé escorregar.
A subida não é de muita confiança, sabemos à partida que são cerca de 8 KM até ao topo, mas pelo meio vamos tendo direito a pequenas porções de planos ou mesmo descidas para poder rolar, o que vendo bem, acabava por ser bom para soltar um pouco as pernas, mas enganando o zé povinho quando sabe que a subida só termina chegado às eólicas que estão mesmo no cimo da Freita.

Aos poucos vou vendo as enormes pás das eólicas girando, e sei que estou mesmo a terminar. O céu cinzento que nos cobria já ia mostrando um pouco o seu azul, e vamos tendo as fantásticas vistas sobre toda as nuvens que havíamos furado no decorrer daqueles quilómetros, e que agora ficavam para trás. Coloquei quase todas as minhas energias nesta fase, e o abastecimento foi a minha fonte de energia. Passei pouco tempo ali, mas o suficiente para ganhar energias para o que havia a ser feito no alto da serra.
O trajecto era o mesmo, e em nada modificou, e assim prossegui rumo ao segundo abastecimento antes da descida.
O percurso era irregular de início, e bastante acidentado, propicio a torcer algum tornozelo, seguido de um PR que já conhecia, mas em sentido contrário ao que agora fazia.
A escolha do caminho no topo da Freita, foi do mais simples que houve, aproveitamento de trilhos abertos e PRs. Felizmente, escolheram a parte mais técnica e bonita de um deles, junto ao rio. O resto era mais do mesmo.

Créditos na foto
Chegado ao abastecimento, foi com mais calma que me alimentei, aproveitando para recuperar alguma energia. Sabia que a descida iria começar dentro de pouco tempo, e que existia uma secção que iria ser uma valente dor de pernas.
Enfim, lá me mentalizei, e segui, sem antes ainda ter umas pequenas subidas, onde estava a querer quebrar. Se no 1º abastecimento a curta passagem, consegui recuperar, neste com uma pausa um pouco mais longa, não estava a conseguir. Os músculos estavam presos, e sentia cansaço. Intervalei a corrida com caminhada, e minimizar os esforços ao máximo, mas já estava a iniciar a descida. A descida é um trilho completo de pedra solta e rolante, o mínimo de deslize era queda certa. A correr por ali com as pernas presas estava a ser um sacrifício, caminhar era difícil, e o travar era massacrante para os joelhos. Teve que ser uma mistura destas duas últimas e de alguma maneira lá consegui. Quando finalmente penso que aquele tormento todo havia terminado, surge um dos novos trilhos que era mais do mesmo.

A melhor descrição que ouvi daquela descida foi a de um atleta que ali ia comigo – “eles chamam a isto de trilhos técnicos, mas isto para mim é trilhos fodi#@$ (se é que me entendem)”.
Foi sem pressas que fiz toda aquela descida, em que os joelhos teimavam em manifestar-se. Nem tudo era mau, de facto foi uma alteração que foi bem mais que bem-vinda em relação à descida das edições anterior. Era mais técnica, mas mais versátil que a monótona que teríamos que fazer.
Apesar de daquele terreno rude, o final foi a passagem para uma das partes mais bonitas de todo o percurso. Toda aquela descida em pedra, era feita em céu aberto, encaminhando-nos para uma floresta cerrada pelas árvores.

Créditos na foto
Entramos num ambiente totalmente diferente, o céu era coberto pela vegetação das árvores, o piso era composto essencialmente por folhas caídas das árvores, e terra batida, e paralelamente ao nosso percurso havia pequenos riachos, que por vezes era o nosso local de passagem, como que um refresco para os pés. Vinha de um local que era difícil correr sem pensar duas vezes antes de dar um passo, chegado ali, num terreno bem mais rolante, as baterias foram carregadas automaticamente sentindo as pernas soltas e pronto a conseguir dar novamente uma espécie de corrida.
Não era por ser um espaço bem mais agradável, que era mais fácil. Exigia outro tipo de atenções, e de saber controlar o ritmo de forma a não quebrar. E foi aí que falhei. Já num segmento que ligava o percurso aos caminhos da recta final coincidentes ao ano anterior, as pernas começaram a dar os primeiros sinais de desgaste. Aqueles músculos mesmo juntinhos aos joelhos começavam a dar as picadas, de quem como se manifesta para parar. O facto de nos 2 últimos quilómetros serem praticamente em estrada, e totalmente desinteressantes não ajudou em nada, e só me restava atravessar a desejada meta.
Entrada no recinto do pavilhão com direito a subida pelas escadas, e regresso ao pavilhão para concluir mais uma passagem pela Freita.

A comitiva
Conseguiram melhorar significativamente o trail mais curto, e o contentamento foi unânime para muitos que ali estavam. Além de o melhorarem fizeram-no cerca de 3 quilómetros mais curtos, mas mais desafiante. Com abertura e descoberta de novos trilhos que tornaram esta distância bem mais interessante.

0 comentários:

Enviar um comentário