sexta-feira, 14 de junho de 2019

Corrida do Dia do Pai - Uma luta desequilibrada


Já o havia conseguido em Ovar, mas queria repetir o feito. Fazer 10 KM abaixo dos 40 minutos.
Na minha ideia, tinha estofo para o fazer novamente, e iria tentar custe o que custasse.
A Corrida do Dia do Pai, era o ideal para o fazer, percurso na sua maioria plano, muita gente a correr e a apoiar, junto ao mar, o que contribui para uma aragem mais fresca. Enfim, tudo para ajudar.


A manhã de Domingo era fresca, previa-se chuva, o que até me agradava. Ambiente fresco ajudava a não aquecer em demasia. Em contrapartida, afastava muita gente das ruas, faltando aquele ambiente típico de festa em algumas zonas, que tão bem me recordo das 2 vezes que participei. Não correm por nós, é certo, mas dão cá um ânimo e força, lá isso dão.
A minha chegada coincidiu com alguns chuviscos, aquela morrinha, aliada a uma brisa fresca.
Arrepiei-me mal saí do carro, e num passo acelerado para evitar arrefecer em demasia, fui em direcção à rotunda da anémona, ao encontro de mais malta para um aquecimento. Era lá o ponto de encontro, e o percurso para um breve aquecimento, queria estar minimamente quente aquando o tiro de partida.

Era a minha estreia, minha e do Fábio, na sub-elite. Conseguimos estar mesmo na frente do pelotão para evitar aquela habitual confusão do tiro de partida.
O início já o conhecia, era a subir, mínimo de inclinação, mas a subir, e como estávamos frescos, nem dávamos por isso. Assim foi, no meio de tanta confusão, e da euforia de muitos em querer dar o sprint logo ao arrancar, a minha preocupação era não cair e ser atropelado.
Tentava afastar o mais possível, encostado à direita, a afluência era menor, e dava para ir avançando ao meu ritmo, impedindo a mim próprio de ir mais rápido do que o que devia.
Fim do primeiro quilómetro, já com retorno feito, e início da descida, e confirmo o tempo pelo relógio, 3:52 min/km, era rápido demais, aquele devia ser mais ou menos o ritmo para a restante prova, e não o de início. Objectivo era fazer o primeiro mais lento, e só depois aumentar e manter.

Estava feito, agora seria tentar manter. A partir dali era descer e plano, em direcção à rotunda da anémona, sem antes ainda ter direito a mais um retorno. Fui sempre consistente, e a partir dali a passada era regular, estava a sentir-me bem, e com vontade de bater o meu recorde.
Conhecia o percurso bem, algumas alterações que fizeram ao percurso, aproximou mais do trajecto inicial da Maratona do Porto, e sabia com o que podia contar.
A anémona era o ponto de maior enchente e grande festa, desta vez, teria que contentar com aqueles corajosos que decidiram contrariar a vontade da chuva.

Rumo ao porto de Leixões, mantinha-se o plano, não havia desníveis que se sentisse, o único inconveniente era a passagem por alguns paralelos, mas nada que massacrasse.
Continuava bem, e ainda não tinha sinais aparentes de quebra, ia distraindo com o pessoal que já vinha do retorno, e ver se via alguém conhecido, formas para ocupar o tempo.
Novo retorno, e deixo o Porto de Leixões para trás, agora a distracção era ver quem vinha atrás, tentava ver alguém, mas a confusão era muita, acabei por desistir, foquei-me em encontrar alguém para me encostar, mas parecia que todos estavam a aumentar o ritmo. Estava prestes a entrar no quilómetro 7, e as coisas pareciam complicar-se.
As pernas estavam um pouco presas, e a respiração descontrolada, algo não estava a correr bem. Cerrava os dentes, e tentava manter o ritmo, mas ao consultar o relógio, estava a abrandar.


Isto é apenas um pequeno descontrole da respiração e já recomponho, pensava eu. Abrandei um pouco, e tentava manter os 4 min/Km, estava a custar, e as oscilações de ritmo eram grandes, tanto conseguia aumentar a cadência, como de repente descia. Aguardava por entrar no quilómetro 9, onde já existia novamente apoio, e pudesse recuperar alguma energia, fosse lá de onde ela viesse.
Pequeno corte à direita, e entramos na marginal, aos poucos as pessoas vão surgindo, mas nem daí estava a conseguir recuperar.
O vento fez questão de fazer companhia. Uma forte ventania, colocava-se entre mim e o resto do percurso. Tentava colocar atrás de alguém, mas não estava a dar, estava ofegante, e pernas presas.
Detesto correr nestas circunstâncias, começo a olhar para o relógio, e vejo que o objectivo já era impossível, mas tinha que terminar abaixo dos 40 minutos.

Respiro fundo, e tento aumentar a passada, tinha que ser.
Entro finalmente em asfalto, após cruzar uns metros por paralelos, e tento acelerar para o último retorno. O vento continuava forte, e impedia de progredir conforme queria, nem os prédios conseguiam acalmar aquela frente ventosa.
Chego ao retorno, e ao mesmo tempo, impulsiono o último esforço. O vento deixou de existir e estava novamente a sentir bem para poder soltar as pernas.
Última passagem pela rotunda da anémona, e subida até ao queimódromo onde ficava a meta.
Estava a esgotar as energias, só queria atravessar o pórtico. E fi-lo, ainda abaixo dos 40 minutos, como pretendia.

Já não recordava de uma prova tão desgastante como aquela, consegui controlar as coisas até meio da prova, mas os últimos 4/5 quilómetros, foram terríveis.
A organização esteve impecável, mesmo com umas pequenas ligeiras alterações do percurso, mas há coisas que não conseguem controlar, e todo aquele vento, aliado à minha quebra, só me fez massacrar mais. Independentemente disso, continuo a conseguir manter a marca abaixo dos 40 minutos, que era o pretendido.

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