terça-feira, 27 de março de 2018

Ultra Trail Medieval - Trail Longo

O inicio de 2018, foi idêntico a 2017. Uma prova de trail, e novamente o Trail Medieval em Sta. Maria da Feira.
Participei no ano passado, e como o cheguei a referir, foi um tiro ao lado por completo. Cheguei ao ponto de pensar que estava numa prova de estrada, e não de trilhos. A manter-se este cenário, a 2ª edição tinha tudo para falhar. Felizmente parece terem dado ouvidos à “clientela” e reformularam por completo as várias distâncias. O famoso marketing que já tinham mostrado manteve-se, conseguindo cativar bastantes atletas, e voltaram a ganhar a confiança de muitos que disseram que não voltariam a participar, incluindo eu que dei uma segunda hipótese.
A distância da prova que optei, foi aumentada em mais 4 quilómetros, fazendo um total de 29 em comparação à 1ª edição. O local de partida e chegada também eram diferentes, sendo que iniciávamos na praia fluvial de Milheiros de Poiares, e terminávamos nas piscinas de Sta. Maria da Feira.


O levantamento dos dorsais foi tranquilo, ainda feito no dia anterior à prova. É a vantagem de viver perto do evento. Já no dia a deslocação foi bem madrugadora, tão madrugadora que quando saí de casa ainda era de noite, cheio de frio que até os ossos sentiam. E assim, eu e mais 2 compinchas nestas andanças, seguimos até às terras da Feira. Últimos preparos, que tirar a roupa foi a atrasar o mais possível para não esfriar, e correr para o autocarro que nos levava à partida. Uma nota de atenção, e que desde já parabenizo a organização, foi o facto de haver sacos para quem quisesse levar roupa ou outros bens para o local de partida, poderia deixar nesse saco, devidamente identificado com o número do dorsal, e na chegada reaviam o mesmo. Seria uma boa oportunidade para quem quisesse levar o casaco e deixa-lo antes de arrancar.

O frio era bem maior na praia fluvial, devido à presença do rio. Era um ambiente medieval e os figurantes da época não faltavam, e só esses poderiam não se queixar de frio, com aqueles trajes também não o sentia. Mas nem os cuspidores de fogo conseguiam aquecer o ambiente.
Aguentando o bater do dente até à partida, que com o aproximar da hora foi acalmando. Como eramos alguns, e inseri-me no meio, acabei por sentir menos frio, o calor humano realmente faz milagres. E ao som de um canhão, lá arrancamos para 29 quilómetros de trilhos.


Após uma rápida passagem pelas pontes ainda geladas da praia fluvial, encaminhamo-nos para dentro do mato com ainda alguma lama e poças de água. Devido ao aglomerado de pessoal e a um trilho mais afunilado começa a existir engarrafamentos, que uns respeitam, outros não, e outros ainda gozam. E entre estes acho que concordo mais com os que gozam, porque se vermos bem a situação, ao virmos para uma prova de trail, o normal é sujar, e não chegar ao fim com as sapatilhas a brilhar. E uma das indirectas que alguém se lembrou e bem de mandar enquanto avançava no terreno por entre os mais cuidadosos foi algo do género: “Cuidado com o riacho que podem molhar as sapatilhas”, “E cuidado com este ramo que tem uma folha, cuidado com a folha”. Isto em tom de gozo, foi motivo suficiente para um bom momento de gargalhada.


Após a primeira subida e descida que mais parecia um precipício, prossegui em modo de corrida, entre vários troços de terra enlameados, até Vilarinho atravessando campos por entre a erva verde e ainda húmida. A curta passagem por este local, levou-nos a uma subida em single track, até ao topo subindo uns 200 metros em 2 quilómetros sensivelmente. Assim que atingimos o ponto alto, a descida é repentina e acessível ao contrário da primeira.
Ao avançar fomos dando de caras com vários locais onde os fogos estiveram bem presentes no ano anterior, e caso disso, foi na incrível “escalada” que fizemos até ao cume de um pequeno monte, que nos presenteava com uma pequena capela no alto.
As passagens pelos pontos mais altos eram sempre breves, tendo sempre a descida logo de seguida presente, e aqui não foi execpção, uma vez mais a tentar desviar de alguns troncos queimados ali tombados, prossegue-se viagem até ao primeiro abastecimento, que não perco muito tempo.


Arrancando rapidamente, por entre uma aldeia, até chegarmos ao acesso a terrenos, entre arvoredo, e diversos campos do nosso lado direito.
Perto dos 10 quilómetros estava uma placa com sinal de perigo deixada pela organização. Numa pedreira já abandonada, prosseguindo sobre encosta bem inclinada. Por fim, e para subir e voltar aos trilhos, uma corda para nos ajudar na subida. Daqui até ao próximo abastecimento foi entre matos e estradões, que nos ligava à última subida mais ingreme da prova. Com 15 quilómetros o grande desnível estava feito, à execpção da longa descida de aproximadamente 4 quilómetros. Obviamente que existia ligeiras subidas, mas que verificadas em gráfico, quase são impercetíveis. Para quem gosta de provas rolantes, esta é uma delas, pelo menos nesta distância.


Aos poucos vou apercebendo que estou a percorrer alguns caminhos do ano passado, só que desta vez em sentido contrário. Felizmente a prova estava a ser totalmente o oposto do ano anterior, dando conta que haviam trilhos que percorria lado a lado à imensa estrada feita na 1ª edição.
E a boa amostra de que melhoraram em comparação ao ano anterior, foi o longo e bonito trilho que fizemos junto ao rio, num parque de merendas. Aproveitado aqui para um novo abastecimento, com os voluntários a oferecerem-se para ajudar no que fosse necessário, no meu caso foi para encher as flasks que já tinham esgotado. Bebo um chá quente e com mel, e siga. E que single track espectacular que corria o rio, obrigando por fim a atravessa-lo em mais uma ocasião para molhar as sapatilhas.

Uma das situações que não referi no inicio era que até aqui andei sempre com as pernas um pouco presas, penso que o frio tenha influenciado um pouco nisso, e nunca consegui soltar devidamente como queria. Tendo em conta isto, fui desenhando na minha cabeça as etapas, até à meta, sendo que a primeira etapa estava ultrapassada, as subidas e descidas iniciais, agora era subir até à estrada nacional (EN 1), descer até à feira, subir ao castelo e descer até à meta.


A subida até à EN 1 foi feita em asfalto, e seguido de uma louca descida também feita no ano anterior. E foi nesta fase que finalmente consegui soltar as pernas. Numa descida com alguma pedra solta, foi sempre a correr até onde consegui, nova subida e facilmente consegui sem quebras. Incrível que quando poderia e/ou deveria estar a quebrar, eis que praticamente renasci.


Restava apenas uma etapa, que na minha cabeça já estava garantida, a subida ao castelo e descer até à meta.
A subida era pelo mato que rodeia o castelo, e já lá dentro cruzamos com a caminhada e ainda alguns elementos da prova mais curta. Na descida que já conhecia, e sabia que seria porreira para dar o último uso das pernas, acumula-se muita gente das outras distâncias, e não dá para muito mais até atravessar a meta.


Foi uma 2ª oportunidade merecida. Houve esforço para que nada corresse mal, e pela satisfação de modo geral. Voluntários sempre disponíveis, e bem prestáveis, pelo menos para comigo. Alguns bons trilhos, e desafiantes. Aprenderam com os erros, já foi uma vitória.

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