Um
ano passou desde a minha estreia oficial na meia maratona, e após esse tempo
volto à mesma prova para repetir a dose. Um mês após os 106 KM, com a
recuperação os treinos não foram os suficientes. Não era por aí que ia de mãos
abanar, este dia seria para fazer alguma coisa para a maratona do Porto que se
aproximava rapidamente.
Previsões
ou objectivos não os tinha, apenas concluir a prova, já seria um grande feito.
Infelizmente
e devido a um infortúnio, as coisas conseguiram complicar-se bem mais. A partida
da minha avó, derrotou-me completamente, e as coisas não melhoraram de todo,
bem pelo contrário. Os poucos treinos que tive oportunidade de fazer, foram um
sacrifício, e não via a coisa a correr da melhor maneira. As pernas pesavam em
cada treino, e o psicológico estava completamente abatido.
Como
se não fosse suficiente tudo aquilo, na manhã da prova a disposição não era a
melhor, sentia-me um pouco indisposto, mas nada demais. Com pequeno almoço
tomado, acabei por melhorar evitando assim preocupações, ou assim pensei eu.
Um
dia ameno contrariando o clima para a altura, com um grupo ainda bastante
numeroso, seguimos para o grande evento. Aquando a minha chegada, tive tempo
para um pequeno aquecimento até à partida que já se encontrava bastante lotada.
A juntar aos 21KM, era a estreia da minimaratona (10KM), provocando maior
confusão de atletas no arranque, e durante alguma parte do percurso.
Com
o sinal de largada dado, tento dar os primeiros passos de corrida, mas sem
sucesso. O aglomerado de atletas era tanto, que o melhor que se conseguia fazer
era uma corrida lenta, ou caminhada em passo acelerado. Obviamente que mais
tarde ou mais cedo a separação iria acontecer, mas apenas ao final da 2ª
pequena subida com pouco declive é que as coisas começam a modificar e a haver
mais espaço para cada um impor o seu ritmo. Com a 2ª volta dada ao centro de
Ovar, seguimos em direcção à praia do Furadouro em longas rectas, mas sempre
planas, razoáveis até para impor um bom ritmo.
Seguimos
paralelamente à caminhada, que se vai fazendo ouvir ao longo de cerca de 3 a 4
quilómetros de extensão com aquele impulso extra que nos dão já ao fim de 10
KM. Regra geral, fui aproveitando os abastecimentos para ingerir sempre água,
para evitar desidratações. Apesar do calor não ser muito forte, era o
suficiente para causar danos no mínimo de deslize numa distância como esta. A
viagem em direcção à praia estava a ser acessível, e tinha tudo controlado até
ali. A caminhada que nos foi apoiando, foi rapidamente substituída por algumas
pessoas ao longo da estrada que também de alguma forma incentivavam.
O
percurso já o conhecia, e sabia que a melhor fase da prova estava a chegar.
Junto à praia que tantas vezes visitei, estendia-se um longo corredor humano
que davam a grande festividade de todo o trajecto, excetuando a meta. Apesar da
passagem ser rápida, ninguém fica indiferente ali.
Agora
seria gerir até ao fim, e percorrer o retorno que no ano anterior tantas dores
de cabeça me deu. A gestão até aos 16 quilómetros foi feita tranquilamente e
sem problemas, não existindo problemas até ali. Apenas um pequeno incomodo
novamente com a indisposição matinal que pensava ter desaparecido, mas não, ali
estava ela e conseguiu derrotar-me.
Psicologicamente
estava preparado para aquele massacrante retorno, mas a derrota estava
espalhada. Abrandei e impus um ritmo mais confortável, mas nada resultava. O
fim do retorno estava próximo, e cada vez piorava mais. Ansiava por um abastecimento
para beber um pouco de água, mas este tardava, apenas aos 20 quilómetros, e
parecia que não chegava.
Ainda
aproveitei a água que alguém se recordou, e bem, de bombear por uma mangueira
para a estrada para refrescar. Contudo o abastecimento não aparecia, e os
pensamentos em desistir e parar ali tão perto do final estavam cada vez mais
presentes. Com o aparecimento da água, agarrei-me a ela, e ingeri o suficiente
para conseguir melhorar, mas por pouco tempo.
A
chegada à meta era do melhor que se pode ter, a descer, dando para esticar um
pouco, e nem isso consegui aproveitar. Só queria chegar ao final e descansar,
estava derrotado, não foi dia para mim.
Malditos retornos |
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